18 de abr. de 2013

(re)ceia


já não dormia... pois tinha medo de fechar os olhos e voltar a ter maus sonhos
ou recordar a tragédia que matou o seu sorriso,
eram flores, agora só restam espinhos.
Nem sua armadura e sua espada o motivara mais a lutar.


Seguia se arrastando, com frio, com sede, com medo, 
voltou a floresta pra enfrentar mais uma vez os seus pesadelos
demônios do passado, 

tentou levantar a cabeça mas já não enxergava o caminho de volta,
ja não tinha mais músicas, nem filmes, nem imagens,
era um vazio tão grande que a sua própria respiração era ensurdecedora,

não podia correr, nem pular pois lhe arrancaram as pernas, 
não podia nadar  nem se pendurar pois lhe arrancaram os braços, 

só se mantinha vivo pois a cabeça estava no lugar de sempre,
encostada ao travesseiro, e o nariz a congelar
mesmo que sem nada pra se ocupar... era ócio, era dor...

A bola de tinta preta que pingava dos seus olhos engoliu todas as suas palavras reluzentes, todos os gestos de carinho, ficou só, sozinho.

Paulo.Forv